Galeria Serpentine

Revolução Francesa em Londres

por CLÁUDIA MELO

Arquitectos famosos no mundo, e sem obras em solo inglês, foram convidados por esta galeria para criarem  um pavilhão de Verão nos jardins londrinos. Findo este período a obra é vendida e recriada noutro espaço.

Chegou a vez de a França ocupar os jardins londrinos do Hyde Park, operação comandada por Jean Nouvel . Depois de Sanaa (2009), Frank Gehry (2008), Olafur Eliasson e Kjetil Thorsen (2007), Rem Koolhaas (2006), Siza Vieira e Souto Moura (2005), MRVD (2004), Oscar Niemeyer (2003), Toyo Ito (2002), Daniel Libeskind (2001) e Zaha Hadid (2000) é a vez do arquitecto francês projectar em solo inglês aquele que é considerado um dos grandes acontecimentos arquitectónicos mundiais, o Pavilhão de Verão da Galeria Serpentine. Trata-se de uma iniciativa anual e única no mundo: arquitectos famosos, não britânicos, e que até à data não tenham obra em solo inglês, são convidados a projectar um pavilhão temporário que permanece no Verão no Hyde Park, nos Jardins de Kensington, ao lado da Galeria Serpentine. Finda a exposição, o pavilhão é desmontado, posto à venda e reconstruído noutro local.

O conceito do Pavilhão de Verão é promover uma exposição de arquitectura com um objecto real, que desencadeie pensamentos e debates, além de albergar eventos que a Galeria Serpentine não possa comportar. O Pavilhão funciona durante o dia como café e à noite acolhe debates, exibição de filmes e concertos. Tal como acontece nas obras de artes plásticas exibidas pela Serpentine, pretende-se que o pavilhão seja inovador e aponte novos caminhos à arquitectura.

Para celebrar o 10.º ano desta iniciativa, foi escolhido um arquitecto que procura a provocação e intensidade da experiência arquitectónica. O francês Jean Nouvel. Como tem sido corrente na sua obra, Nouvel concebeu um pavilhão que se destaca da paisagem e da envolvente, um objecto dramático e narcisista.

A partir de uma geometria complexa feita à base de planos que formam ângulos e arestas não ortogonais e, por sua vez, paredes e tectos não convencionais - alguns mesmo suspensos do solo - o arquitecto francês desafiou a gravidade e sistemas estruturais. Para tal, contou com a colaboração com Cecil Balman, engenheiro civil da Ove Arup + Partners e um dos grandes especialistas mundiais em estruturas.

Para além de imprimir dinamismo à forma, esta solução permite uma enorme versatilidade espacial, de forma a melhor acomodar todos os compartimentos necessários ao pavilhão, como sala de exposições, auditório e bar/cafetaria.

O dramatismo da forma é enfatizado pelo material e, principalmente, cor de revestimento. Feito à base de vidro colorido, policarbonato e estruturas metálicas, o pavilhão de Nouvel será totalmente vermelho. Esta cor cria um enorme contraste com o solo do parque, a verdejante relva, mas também com a Galeria existente, situada numa antiga casa de chá neoclássica construída em 1934 e adaptada às funções artísticas em 1998.

Tradicionalmente, o vermelho é a cor identificada com força, dinamismo, exaltação, que transborda vida e agitação e que se impõe sem discrição. Segundo Nouvel, o vermelho é também uma cor icónica britânica, presente em inúmeros elementos arquitectónicos como caixas de correio, autocarros e portas de edifícios.

A Serpentine é actualmente uma das galerias de Arte mais populares de Londres. Criada em 1970 por The Arts Council of Great Britain, é a única galeria pública inglesa que mantém entrada livre para exposições de arte e arquitectura. Organiza cerca de cinco exposições de arte por ano, e desde 2000, a encomenda anual de arquitectura para o Pavilhão de Verão.

Via DN: http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1530361&seccao=Arquitectura

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